sexta-feira, 22 de outubro de 2010

BATE PAPO COM WLAMIR MARQUES

Gostaria de dizer que admiro muito o Wlamir, sempre carinhoso com os Árbitros, técnicos, com todos os atletas, fazendo seus comentários e análises, sem ofender nem desrespeitar ninguém. Dito por muitos, das gerações mais antingas , `` o maior jogador brasileiro de basquete de todos os tempos´´.


DEFESA E ATAQUE : Gostaria que o senhor contasse como o basquete entrou na sua vida e, contasse também, sua trajetória vitoriosa nas quadras?

WLAMIR MARQUES:  O basquete entrou na minha vida de forma acidental , era nadador e por residir próximo ao Tumiarú, em São Vicente, um dia entrei em uma quadra de basquete e não sai mais . Isso, quando eu tinha ao redor dos 10 anos de idade e fiquei sabendo da conquista da medalha de bronze do basquete masculino brasileiro nas Olimpiadas de Londres em 1948 . A partir dali a minha ascenção no basquete foi muito rápida , pois com 16 anos fui convocado, pela primeira vez, para uma seleção adulta e com 17 anos já fui vice campeão mundial . Joguei apenas em 4 clubes : Primeiro pelo Tumiarú de São Vicente até os 16 anos (1953) , depois 9 anos pelo XV de Piracicaba (53/62) , 10 anos pelo Corinthians da capital (62/72) , finalmente pelo Tenis Clube de Campinas (72/73) , todos alvi negros . Fui duas vezes vice campeão mundial (54/70) , duas medalhas de bronze (60 em Roma e 64 em Tokio) , duas vezes campeão mundial (59/63) , esses foram os titulos mais importantes

 DA: Como foi sua transição no final de sua carreira de atleta ? Quais as dificuldades enfrentadas?

WM:  Meu final de carreira deu-se de forma expontânea , sem nenhum tipo de problemas , não tive nenhum tipo de dificuldades , sejam financeiras ou sentimentais . Nesse tempo me formei e educação fisica e exercí essa profissão como uma forma de substituir as quadras  como atleta , profissão que eu exerço até hoje como professor de basquete .

DA: Hoje em dia, com a sua experiência como comentarista na ESPN, como o senhor analisa a situação do basquete nacional? Será que a estrutura dos clubes nacionais são apropriadas para que nossos atletas tenham um desenvolvimento necessário, pois as cobranças sempre recaem em  cima deles (atletas)?

WM: O basquete brasileiro necessita acima de tudo de boas administrações , com visões de futuro e contando com a participação aberta de toda a sociedade . Não é mais possível a usurpação do poder em proveitos pessoais ou apenas de algumas pessoas privilegiadas , o basquete brasileiro está sendo sucateado em função de gestões incompetentes e isso terá que acabar , só não sei quando . Quanto a estrutura dos clubes não há nada a desejar , todos estão aptos a exercerem as suas funçôes profissionais , quando hoje o essêncial está sendo colocado à disposição do basquete . Falhamos no material humano , estamos atravessando uma fase de fraca participação técnica , quando os nossos atletas apresentam falhas em série , tudo isso devido a precariedade de informações dos nossos técnicos de base .

DA: Qual a sua visão sobre trabalho de base? Na sua opinião como o jogo deveria ser tratado nas idades das primeiras categorias?

WM: Como já disse na resposta anterior , estamos mal nas categorias de base , falta-nos o essêncial , capacidade de evolução , aprimoramento, profissionalismo , comprometimento , enfim , falta-nos a visão do basquete mundial , quando deixamos os jovens jogarem à sua revelia , sem a orientação básica que os levem de encontro ás necessidades atuais de um basquete competitivo e moderno . Imitamos a NBA a cada dia , quando a NBA não é mais uma referência mundial para o basquete FIBA . Estamos jogando sem caracteristicas próprias , tentamos imitar o inimitável , já que não possuímos as mesmas qualidades técnicas dos norte americanos .

DA: O Senhor acha que a Confederação acertou em trazer o técnico argentino Rubén Magnano para a seleção masculina?

WM: Não podemos em principio julgar o técnico Magnano , pois até agora nada foi mostrado de diferente daquilo que o Moncho implantou , embora eu pessoalmente tenha achado o trabalho do Moncho melhor até pelo maior tempo de trabalho com a seleção brasileira . Acredito que se fosse hoje o Magnano faria tudo diferente do que ele tentou fazer com a seleção brasileira nesse ultimo mundial , acho que alí ele aprendeu um pouco mais o que é o basquete brasileiro atual . Com certeza ele pensaria diferente , até mesmo com relação aos seus jogadores selecionados . Acho que somos obrigados a dar um tempo para o seu trabalho aparecer , até agora nada de novo foi mostrado a não ser alguns modelos comportamentais .

 DA: Haverá  em breve uma reformulação nas seleções masculina e feminina. Com que olhos o senhor vê a nova geração? Será que a Confederação tem um plano para a adaptação deles, pois a pressão a cada dia aumenta sobre a nossa modalidade por falta de resultados expressivos.


WM: Reformulação é o que nós mais ouvimos falar no basquete brasileiro , a cada fracasso do basquete masculino e feminino sempre ouvimos essas palavras como se a realidade fosse essa , reformular tudo . Não nos basta reformularmos apenas nas quadras , acima de tudo precisamos reformular os nossos conceitos de direção e de implantação da modalidade no país , precisamos ser mais dinâmicos e menos políticos , não podemos mais ficar a espera dos fenômenos , precisamos produzi-los . O problema da palavra reformular é fácil de ser dita , o difícil é saber como fazer isso , aí está o maior problema , me parece que falta-nos competência para isso . As novas gerações vão continuar sofrendo muito nas mãos dos incompetentes , sobressaindo-se um ou outro jogando fora do país , porque daqui apenas ficamos esperando as exceções .

DA: Gostaria que o senhor deixasse uma mensagem para nossos leitores, para os garotos e garotas que estão iniciando no esporte.



WM: Como mensagem final , quero que não vejam em mim um pessimista sobre as coisas do basquete brasileiro , apenas que eu não tenho rabo preso com ninguém , não pertenço a nenhuma facção , posso falar o que quero e como quero , porem ninguém mais do que eu torce para a evolução do basquete brasileiro , sou um eterno esperançoso , talvez por isso as
minhas palavras possam se tornar um pouco amargas , quando ao mesmo tempo percebo que ainda estamos muito distantes dos nossos anseios .
Aos jovens digo que continuem lutando , essa é a palavra certa , lutem e lutem , mesmo que por instantes possa parecer uma luta inglória , um dia vocês vencerão . WM.


















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