sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O BASKET NO BRASIL

Quem de nós que amamos, vivemos e trabalhamos com o basquete não se decepcionou profundamente com o fiasco que aconteceu com a seleção masculina adulta nessa semana durante os quatro jogos da primeira fase da Copa - América, que classificava para o mundial?
A grande pergunta que fica quando vemos uma seleção adulta nacional fracassar é a seguinte: Como realmente é feito o basquete no Brasil?
Se observarmos os recentes resultados de seleções de base veremos que regride a passos largos. Nos últimos meses a seleção sub-17 ficou em 3° lugar no Sul Americano, a sub 19 ficou em 10° no Mundial, ano passado a sub 15 ficou em 4° no Sul Americano e perdeu um ciclo de experiência internacional importante para a geração. E sem falar nos últimos anos, tantos e tantos torneios que mostram nitidamente que nosso basquete regride, perde força, perde moral e cada vez mais fica sem identidade.
O fiasco dessa Copa América da seleção adulta faz definitivamente com que as pessoas que amam e trabalham diretamente com a modalidade fiquem incomodadas e reflexivas. Onde está o real problema?
Levanto algumas questões que englobam essa pergunta:

- Magnano é realmente um super técnico?
- A CBB continua a mesma depois que Grego saiu?
- Em que realmente a ENTB tem colaborado com o crescimento do basquete?
- Qual a parcela de culpa dos clubes e federações nesse caos instalado?

Vou colocar minha visão sobre cada tema e afirmo que não sou dono da verdade e da razão, mas também não sou um leigo qualquer, que cai de pára-quedas num assunto.

-Ruben Magnano foi sim importante para uma mudança de postura nos atletas que sempre desrespeitaram a seleção. Os mesmos que pedem hoje dispensa, também já pediram antes em outras oportunidades e que com outros técnicos à frente da seleção, faziam dezenas de baladas em época de treinamento e preparação dos torneios, mesmo durante as competições, viram que com Magnano a coisa seria diferente nesse ponto, ou assumiam sua parte ou  ficavam de fora e encaram as conseqüências.
Mas vendo os últimos jogos da seleção, que não teve padrão tático nenhum, jogadores mal escolhidos nas posições, falta de motivação, começo a pensar que aquela geração argentina de Manu Ginobilli  e  companhia, faria 70% dos técnicos argentinos que dirigissem a seleção nacional, no mesmo período que Magnano dirigiu, um super técnico.
E não vou nem entrar no mérito de que tudo sempre foi feito com portas fechadas, com mil segredos, sem informações para imprensa e sem microfones no tempo técnico.

- Sim a CBB continua a mesma, pois Carlos Nunes já fazia parte da turma do Grego durante os oito anos que ele esteve à frente da CBB. A vinda de ex-atletas para a coordenação das seleções melhorou muito a relação atletas/CBB. Vanderlei e Hortência, bem ou mal, falavam a língua dos atletas e levaram sua vivencia para os comandantes, sendo um canal nesta relação.
Agora, se a administração continua ruim, dividas e mais dividas impedem jogos e torneios amistosos internacionais para desenvolvimento de jovens promessas nas seleções da base e para os técnicos que fazem parte dessas seleções,  podemos concluir que nada mudou. É a mesma visão antiga do pensamento mesquinho e preocupação com o bolso, cargo, viagens, regalias e poder.
Além de falta de organização com campeonatos internos como os brasileiros de base. Como uma seleção brasileira pode ser formada antes de um brasileiro da categoria acontecer? Isso acontece com freqüência.
Os técnicos do quadro da CBB são obrigados a pedir informações para várias pessoas e convocam os atletas sem nunca terem visto os mesmos jogarem. E com um tempo limitado fica quase impossível cortar e reconvocar outros atletas. Também temos visto no quadro da CBB técnicos de federações, onde existe um número muito reduzido de equipes e jogos, e que além de estarem longe do grande centro do basquete, São Paulo, ficam com pouco ritmo de jogos pegados e próximos da realidade da pressão exercida nos torneios internacionais.

- Na minha  opinião, os cursos da ENTB( Escola Nacional de Treinadores de Basquete) teriam que ser gratuitos. Digo isso porque os treinadores, professores e estudantes que querem aprender, reciclar e trocar informação com técnicos mais experientes têm que se locomover, se hospedar, se alimentar e pagar um valor de 400 reais para um curso de quatro dias. Todos falam de massificar a modalidade e através dessa escola, a meu ver, poderíamos ter conceitos pré-definidos por um grupo de técnicos escolhidos a dedo. Esses conceitos seriam passados para todos os técnicos no curso e trabalhados em clubes e escolas. Aí vão dizer : todos vão ficar iguais? Em alguns conceitos sim, pois os atletas poderiam visualizar uma chance real de chegar numa seleção nacional de sua categoria, e os conceitos trabalhados no clube, também seriam os que eles encontrariam nas seleções. Em relação aos técnicos, cada um põe seu tempero e conhecimentos em áreas técnicas e táticas que ficariam em aberto. Mas nada disso deve passar pela mente das pessoas que estão no comando.

- As federações e clubes têm rivalidade com a CBB e dependendo dos imortais que estejam no cargo da presidência, uma boa relação entre federação e CBB é algo quase impossível de acontecer. Quem sai perdendo é a modalidade, pois na guerra política e pessoal nada é feito pelo bem do basquetebol brasileiro.
Mentes pequenas e ambiciosas continuam a frente dos comandos, estatutos e brechas em leis são mudadas para a perpetuação dos mesmos.


Esse é só um pequeno esboço da minha visão sobre estes aspectos. Claro que existem dezenas de situações a serem levantadas, mas para começar a discutir sobre o que podemos mudar, estes temas já dão muito pano pra manga.
Enquanto não falarmos o que enxergamos, enquanto ficarmos quietos, aceitando tudo o que acontece, teremos sempre esses momentos de frustração e revolta com as pessoas que estão, no momento, no comando. Entrar em ação é obrigação de quem se diz amante do basquete brasileiro.


sábado, 22 de junho de 2013

DEFESA ZONA NAS CATEGORIAS DE BASE

Amigos do Blog, depois de um tempo afastado, um tema me chamou muito a atenção nesse primeiro semestre. resolvi escrever e dar minha opinião sobre o assunto, até porque vivo no dia a dia com minha equipe do sub 14.
A defesa por Zona:
Há alguns anos a Federação Paulista de Basket tinha erradicado a defesa por zonas das categorias menores que vão até o sub - 15.
Neste ano de 2013 foi novamente liberada, sem restrições, em todas as categorias, por pedido dos próprios técnicos, pelo menos da maioria que sentia necessidade de uma mudança no jogo e no ensinamento de seus atletas.
A partir dessa liberação muitos treinadores que foram contra tentaram, a partir de reuniões e conversas ao pé do ouvido, brecar a defesa por zona alegando que isso não traria beneficio algum para os jovens atletas, só faria aumentar o número de arremessos de fora do garrafão e da linha de 3 pontos.


No meu modo de ver, as coisas não são bem assim. A marcação por zona propicia, ao atleta defensor,  novas noções e movimentos que dificilmente a defesa individual pode trazer. Saber marcar seu setor, alertar os companheiros quando os atacantes cruzam de um lado para o outro, trabalhar o bloqueio defensivo em conjunto, fintas para confundir o atacante e poder cortar um passe são exemplos de atitudes tomadas na defesa por zona que devem ser agregadas ao jogo do atleta, sem falar nas pressões quadra  inteira e meia quadra.
No ataque, não vejo só a possibilidade de chutes de fora do garrafão como a única solução. Atacando contra uma defesa por zona o atleta tem que melhorar a qualidade de seu passe, suas fintas antes de passar a bola, entender que jogar sem a bola e preencher espaços vazios são fundamentais para abrir espaço para os companheiros e para receber um passe em condições de ir para a cesta.
Saber agredir a defesa com dribles para chamar a atenção dos marcadores e abrir brechas para os companheiros também deve fazer parte do jogo ofensivo contra zona. Enfim, motivos não faltam para que essa ferramenta que faz parte do jogo e é importante para se mudar o ritmo do adversário, seja sim, muito bem vinda novamente às quadras Paulistas. Até porque, quando as seleções sub 14, 15 e 16 iam a Campeonatos Brasileiros, havia uma dificuldade enorme por não terem contato com esse tipo de jogo em seus campeonatos no Estado.
Quanto mais tarde se tem acesso a essa informação, mais difícil agregar ao jogo do individuo.
Na  minha opinião pessoal foi ótimo a volta da defesa por zona.
Claro que nas primeiras categorias, Sub 12 e sub 13, poderíamos limitar o uso dessa defesa somente em 1 quarto de cada tempo, para que os garotos e garotas passem por todas as situações dentro de uma partida.


O engraçado nisso tudo é que, até o ano passado, vários técnicos camuflavam dentro da defesa individual uma marcação por zona,  que era algo apelativo pois o atleta não podia flutuar na defesa.
Hoje, em compensação, muitos desses técnicos usam somente a defesa por zona para ter sucesso em seus jogos e isso também com o tempo vai limitar o jogador e seu crescimento.
O bom senso deve prevalecer e claro que o melhor é o atleta passar por todas as situações ao longo dos jogos e da temporada.
É assim que se faz  futuros profissionais com uma boa leitura de jogo, uma qualidade boa nos passes e prontos para todas as variações que seus técnicos possam vir a pedir ao longo de sua vida na modalidade.