domingo, 29 de janeiro de 2012

MOTIVADORES E SABOTADORES PARA UM ATLETA

O que leva um atleta a se transformar em um ídolo nacional?
O que leva esse atleta que se transformou num ídolo nacional, se transformar em um ídolo mundial?
O que leva esse mesmo atleta a ter frustrações e ficar pelo meio do caminho? Caminho esse que seria de glórias e conquistas constantes, mas algo de errado aconteceu no percurso e as prioridades mudaram.
Os Motivadores e os Sabotadores estão presentes na vida de todos nós, e principalmente na vida dos atletas, que ao começarem a se destacar, independente da idade, nível social, ou nível de rendimento, interferem diretamente nos resultados alcançados.
O Blog é sobre Basquete, mas hoje vou pegar como exemplo o atleta que vem mais se destacando à nível nacional, o jogador de futebol Neymar. Com as devidas proporções, você pode transferir e fazer análises para outros ídolos das mais diversas modalidades.
Com um talento nato , habilidade incrível, carisma e claro muito rendimento, Neymar apareceu para o mundo do futebol com apenas 17 anos de idade. No nosso país isso é comum, pois as crianças desde muito pequenas aprendem que o futebol é o esporte nacional, ganham bolas para chutar e brincar na infância, praticam nas aulas de educação física em suas escolas, quando elas existem, e crescem assistindo na televisão campeonatos variados quase que diariamente.

Os Motivadores:

Para Neymar com certeza alguns fatores contaram como motivadores para ele alcançar o nível de reconhecimento nacional e também internacional que hoje faz parte do seu cotidiano.
-Ter Pelé como um padrinho no futebol;
-Ter seu talento reconhecido e comparado ao de Robinho, ídolo do mesmo clube que o projetou;
-Saber que vários clubes voltaram suas atenções para seu futebol e que a chance de ganhar um salário que lhe daria uma tranquilidade financeira e poderia ajudar sua família;
-Ter a chance de ser contratado por equipes grandes da Europa, onde jogadores brasileiros conseguiram sua independência financeira;
-Ter bens materiais que antes não seriam possíveis obter;
-Conviver com pessoas que são estrelas da tv;
-Ser considerado o melhor jogador do Brasil, América, do Mundo;
-e por ai segue uma lista que pode ser enorme.

Ninguém discute que grande parte da lista o garoto já alcançou. Salário milionário, vários patrocinadores pessoais, sua imagem aparece na tv todos os dias várias vezes. Com certeza, com seu pai como tutor, seu dinheiro está sendo bem investido. Viagens constantes para várias cidades brasileiras, participações em programas de auditórios, esportivos ou badalações da alta sociedade,  contam hoje com seu nome. As vezes parece que ele foi clonado, pois no mesmo dia ele aparece em um programa de tv num estado, e mais tarde está em outro programa na tv numa capital distante.
Reconhecimento alcançado, futuro financeiro garantido, os maiores clubes do mundo de olho em seu passe.
Junto a isso tudo, entra em ação o outro item deste post, que sem duvida, pode dificultar a continuidade do seu trabalho, das conquistas que ainda são necessárias para firmar seu nome na história do esporte como um ídolo, para se manter no topo, afinal o Brasil é o país do futebol e a chance de aparecer um outro Neymar em pouco tempo, é real.

Os Sabotadores:

Os sabotadores  são tudo aquilo que vem junto com o reconhecimento, com a melhora salarial, com a exposição na mídia em larga escala.
Vejamos alguns sabotadores e prestem atenção como eles podem prejudicar o atleta.

-A exposição na mídia constante, em vários programas durante a semana, obrigando um deslocamento de carro, helicóptero ou avião, com certeza vai desgastar o atleta. Antes com tempo suficiente para descançar após treinos e jogos, agora com a correria dos compromissos. Com certeza surgirá o desgaste que pode minar o seu físico, pois,  vai reduzir seu tempo de sono, que é fundamental. Sem falar da alimentação, que fica a desejar com comidas de fast food e sem um balanceamento ideal de nutrientes;
-Com a mídia vem também a chance do assédio de pessoas que antes faziam parte de um mundo distante e hoje, essas próprias pessoas desejam estar perto do atleta, gerando uma curiosidade e também uma tentação, pois mulheres que são tratadas como beldades pela mídia, começam a ser comum na vida de um super star do esporte;
-A noite e suas festas também são sabotadores que passam a fazer parte da vida de um atleta muito bem remunerado, com seus carrões e ``amigos´´ que adoram ser seus parceiros para sugar as oportunidades, além do dinheiro e o pior, sua energia;

Será que lidar com os sabotadores será o alvo desta temporada de 2012 na vida deste atleta, ou ele vai focar mais nos motivadores que ainda não alcançou?
Me arrisco a dizer que seu rendimento deve cair muito  se ele continuar nessa pegada que está.
Como disse o maior jogador de basquete de todos os tempos, Michael Jordan, ``chegar no topo é difícil, se manter no topo é muito mais.´´
Com certeza Jordan sempre se focou mais nos motivadores do que nos sabotadores, pois seus resultados e números durante toda sua carreira como atleta, foram impecáveis e constantes.
Com este post, e usando o atleta do momento no Brasil, o jogador Neymar, espero poder ajudar aos leitores, atletas ou não, a diferenciarem em suas vidas, no cotidiano do dia a dia, seus motivadores e seus sabotadores.

Aqui um video com a voz de Jordan.

domingo, 15 de janeiro de 2012

HISTÓRIAS DO NOSSO BASQUETE - `` O DIA DA CADEIRADA´´

Amigos do Blog Defesa e Ataque, hoje vou contar uma passagem que aconteceu quando eu jogava no time do RIO/TELEMAR, na primeira temporada da equipe. Esse time que foi montado pelo Oscar Schimit, teve muito sucesso. Campeão carioca invicto em 2004, participou do torneio de Natal em Madri neste mesmo ano. Foi Campeão Brasileiro em 2005 vencendo Uberlândia no Play-off final por 3x1 dentro de Uberlândia.
Marcelinho Machado, Everaldo, Sandro Varejão, Aylton Tesch, Ratto, Demétrius, Dedé, Betão, Wagner, Bruno Banana, Dida, Eric Strand, Josuel. Formavamos um grupo de alto nível técnico e com muita união. O mais interessante desse grupo foi a rivalidade de 2 grupos que se formaram dentro da equipe.

Cachorro e Leão. Esses dois grupos saíam na porrada em qualquer lugar ou folga durante os treinos. Era impressionante como do nada a coisa começava. Miguel Angelo era o técnico e era só ele dar 1 minuto pra água, que os grupos se formavam. Sempre alguém em algum momento ficava sozinho em um dos bebedouros. Era o suficiente pra porrada começar. Claro que não rolava tapa nem soco na cara, mas no restante do corpo o coro comia. A partir daí todo o time entrava na confusão e só parava quando o Miguel mandava voltar pro treino ou quando a risada tomava conta de todos.
Ao longo da temporada muita coisa engraçada aconteceu. Depois de jogar e jantar em Macaé, num restaurante em frente da praia, a comissão ficou na mesa e saímos do restaurante. De repente a perseguissão começou e foi uma loucura. Gente dando a volta na quadra pra surpreender, gente correndo na areia, nem parecia que tinhamos jogado e jantado. Um bando de loucos. A coisa foi sempre aumentando um pouco de proporção. No nacional de basquete, com muitas viagens, a coisa acontecia nos onibus, durante o treinamento da manhã, antes dos jogos, nos hotéis, enfim, quem estava perto não entendia nada, achava que realmente que a briga era de verdade e que o time era desunido. Quando vencemos e eliminamos São José dos Pinhais nos play-offs das quartas de finais, nós estavamos esperando o Demétrius dar entrevista, alias ele era o unico que não participava dos confrontos, quando o nosso grupo, dos cachorros, estava junto e sentados na arquibancada do ginásio, percebemos que no meio do grupo o Marcelinho, que era leão (era mais um guinu do que leão kkk), estava tirando a bota de eparadrapo e conversando. Eu disse pra ele: - ``olha em volta e ve se tem alguém pra te ajudar´´- não deu tempo pra mais nada, ali mesmo na arquibancada começou a confusão, e varias pessoas que estavam no ginasio para tirar fotos ou pegar autógrafos ficaram pasmos. Foi leão vindo de todos os lados e o confronto durou uns 5 minutos. Claro que a risada depois foi geral, mas o pessoal que estava em volta ficou de boca aberta!

Nos play-offs das semi- finais contra Brasília, aconteceu algo mais louco ainda e com certeza até aquele momento, o auge dos confrontos entre as ``gangues´´. No hotel em Brasília voltávamos do almoço no elevador Eu, Ratto, Dedé(cachorros), Everaldo(leão) e Demétrius(neutro). O confronto começou com os 3 cachorros pegando o leão, e quando o elevador parou no nosso andar e abriu a porta, com o barulho que rolava ali foi o motivo para todos entrarem na briga. Durou mais de 15 minutos. quadros foram quebrados, sofás e almofadas do corredor foram praticamente desmontados, o elevador foi travado e ninguém chegava no andar. O mais engraçado, foi o esquema para arrumar tudo depois e pegar um quadro de outro andar e levar o quebrado. Vencemos Brasília e seguimos para a grande final contra Uberlândia.. Depois de uma pequena folga fomos para o treino de manhã no dia do primeiro jogo dos play-offs. Treino encerrado, comissão foi embora, jogadores arremessando ou conversando, quando a coisa pegou.

E pegou como nunca antes, com tudo o que se tinha por perto sendo usado na briga. chinelos e tênis eram munição, grupos se pegando numa briga que não terminava nunca, até  o cachorro Ratto e o leão Everaldo ficarem frente a frente. Ratto jogou um chinelo que pegou na cara de Everaldo. O ``plin´´ bateu do moço que catou uma cadeira de plástico e meteu na cabeça do Ratto. A sensação foi que o mundo parou naquele momento e tudo que estava rolando não fazia mais sentido. todos correram para segurar o Ratto que procurava algo para devolver. Depois disso, nunca mais houve leão e cachorro.

O mais importante  foi que além da união, o grupo não perdeu o foco no objetivo maior, e conseguiu conquistar o título .

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

NBB NÃO É NBA! - 2

Amigos, continuando o post que coloquei ontem no Blog, faço aqui algumas comparações entre as condições reais do nosso basquete e algumas condições reais que cercam a NBA.
Alguns podem questionar o por que destas comparações, podem achar que isso realmente não leva a nada, mas estou aqui para mostrar uma realidade que a maioria desconhece. Não sou dono da verdade tão pouco, mas como vivi no meio a vida toda, tenho argumentos para o assunto.
Quando a NBA entrou em greve e o jogador Leandrinho acertou no Flamengo, muitos começaram achar possível outros atletas da Liga Americana aportarem em terras tupiniquins, para ganhar um din din e  manter um ritmo de jogo. Nomes como Steve Nash, Kobe Bryant circularam por blogs e sites especializados, gerando uma grande ilusão que isso poderia realmente acontecer.


Agora pergunto a vocês que curtem basquete, imaginem o Kobe chegando no Brasil, para jogar enquanto a greve da NBA estava rolando. Aqui está a minha visão da coisa: Imprensa cobrindo, torcedores, festa, ele chega  no Brasil e vai direto  ao ginásio para seu primeiro treino no time sortudo que conseguiu um grande patrocínio, afinal a grana não deve ser pouca para paga-lo.




Ele entra no ginásio: já vai se assustar porque a grande maioria dos ginásios no Brasil tem suas arquibancadas de concreto, sem conforto nenhum para o público. Depois ele vai para o vestiário e leva outro susto, pois o espaço é reduzido e vê apenas uma cadeira de plástico, ou um banco de madeira onde ele tem que se trocar e deixar sua bolsa. Depois ele vai para a quadra e vê que o piso não é flutuante, é apenas uma madeira por cima do cimento. E já nos primeiros piques em quadra começa a sentir algumas dores que não está acostumado, nos joelhos e nas costas. Quando o treino chega ao final, ele pede um fisioterapeuta, mas, poxa vida, o time não tem nem médico e nem fisioterapeuta que possa estar sempre nos treinos e jogos.

Pra fechar com chave de ouro seu primeiro dia num time Brasileiro, Kobe vai tomar banho no vestiário, mas ai ele percebe que tem apenas 2 boxes para os atletas se banharem, sem portas e o pior, como ele ficou dando entrevistas na quadra, alguns jogadores já haviam tomado banho e os ralos estavam entupidos, formando poças de agua que cobriam os dedos do pé.
Claro que ele abortou o banho!
Na hora de ir para o Hotel em que se hospedaria, Kobe pensa bem e vai direto pro aeroporto, compra uma passagem e volta pra L.A. 


Na NBA a coisa é bem diferente. Vestiários com muito espaço para todos, cada atleta tem seu espaço reservado para sentar ,trocar de roupa, com cabines, cabides e gavetas. Televisões e projetores também fazem parte da estrutura para as preleições antes e no meio tempo do jogo. Banheiras de hidro-massagem são comuns, além de bikes ergométricas para atletas fazerem aquecimentos específicos. Como contou Anderson Varejão uma vez, só entra no vestiário quem tem a digital gravada no sistema de abertura de portas. Por falar em Varejão, no seu primeiro ano em Cleveland, ele passou por uma situação inusitada. Já há 3 meses na cidade e andando de taxi pra cima  e pra pra baixo, pediu ao gerente do time que indica-se a ele um lugar para comprar um carro. Isso aconteceu no período da manhã, e a tarde o gerente da equipe passou na casa dele para leva-lo a loja de carros.

Quando ele percebeu, o camarada parou no estacionamento da loja da Hummer. Então simplesmente foi -lhe dito que ele poderia escolher o carro que quisesse, pois a Hummer era um dos patrocinadores do time, e ter um atleta andando em seus carros , só traria retorno a marca. Por coincidencia eu estava no Rio de Janeiro, me preparando pro treino do Rio/Telemar onde jogava com o irmão de Anderson , Sandro, quando o telefone tocou e ele contou no viva voz pra todos ouvirem e ficar de boca aberta sonhando com algo parecido , um dia, aqui no Brasil.

Amigos o importante é saber nossas limitações, saber o que realmente a sua equipe de coração tem para trabalhar. Saber se os salários estão em dia com toda a equipe. Saber a estrutura que os profissionais da área tem para conseguir render 100% de sua capacidade.
Não adianta cobrar, meter a boca, torcer contra sem saber a real situação do esporte em nosso País.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

NBB NÃO É NBA!

Tenho visto no twitter, blogs e sites  relacionados ao basquetebol, uma exigência em relação a NBB que beira ao fanatismo. Digo isso porque desde a classificação masculina no Pré-Olímpico muitas pessoas lançaram blogs de basquetebol, criaram uma expectativa no nosso campeonato nacional (NBB) que estamos longe de conseguir alcançar. Pela experiência de ter disputado vários campeonatos nacionais desde 1988 quando estava no clube Monte Líbano de São Paulo, na época chamado Taça Brasil e num outro formato de disputa, passando pela Liga Nacional de Basquete, Campeonato Nacional de Basquete até o ano de 2008 quando disputei pela Ulbra/Rio Claro.
Falta tanta coisa no nosso esporte, tantas idéias e soluções para problemas pequenos, que geralmente passam batido do pequeno público que acompanha de fato o NBB. Vejamos o exemplo do jogo entre Flamengo e Brasília no Rio de Janeiro. Uma quadra nova, piso flutuante, mas em péssimas condições de uso naquele dia. Os motivos podem ser vários: maresia, pó, descaso do mandante, praia, sol, samba, futebol. Podemos enumerar vários motivos para  o fato. O atual campeão nacional deixando seus principais jogadores no banco de reserva, num jogo de televisão, e já não são muitos, e colocando somente os reservas para jogar. Essa imagem foi desgastante no meio esportivo e para as pessoas que voltavam a prestar atenção no basquete brasileiro, foi um grande motivo pra se dizer: nada mudou.
Em termos técnicos também nada mudou no nosso basquete tupiniquim. Dentro da quadra o mesmo estilo peladeiro, atletas tomando decisões sem leitura de jogo, alguns técnicos não impõe em suas equipes nenhum padrão de jogo, ou por inexperiência, ou por estar cansados demais para isso, pelo longo tempo de trabalhos prestados a nossa modalidade.
Na verdade com a presença de Ruben Magnano, o basquete brasileiro está perdendo a grande chance de criar um conceito de jogo, unindo toda capacidade de criação brasileira com a leitura e fundamentação argentina. Isso pode ser feito sim, basta o EGO de nossos principais técnicos serem deixados de lado, e através de reuniões com Magnano chegarem ao consenso de como se padronizar nosso basquete desde o adulto até as primeiras categorias de base e escolinhas. Dizer que isso transformaria todos em times iguais é besteira, pois ai apareceria o talento dos melhores técnicos que colocariam seus temperos pessoais e sua visão em cima do conceito estabelecido. A ENTB( Escola nacional de treinadores de basquete) está ai para isso mesmo. Difundir o que é estabelecido como melhor conceito para nós brasileiros, mas até agora no meu prisma, isso não está acontecendo.
Estamos a anos -luz da NBA e cobrar algo parecido com o que acontece por lá é sacanagem.
Que a CBB faça algo produtivo. Que aproveite um ciclo olímpico até 2016 para dar oportunidade a todos que se determinarem a trabalhar pelo basquete nacional, dentro de um conceito e padrão estabelecido, senão passaremos vergonha em casa e os questionamentos virão, como sempre vieram.