terça-feira, 30 de setembro de 2014

DIÁRIO DE BORDO - ARGENTINA DIA 1

Segunda - feira começou cedo, as 7 30 hr sai para ir ao centro da cidade para trocar dólares. Essa é uma missão que você tem que ter uma pessoa local de confiança para fazer pois senão você vai perder dinheiro. O peso em relação ao dólar se desvaloriza a cada dia.




Após essa missão que foi tranquila,  graças ao novo amigo Juan Pablo, um taxista ex- jogador de basquete, fui direto para o Club Obras Sanitarias afim de me encontrar com a comissão técnica e começar  a sentir a preparação da equipe para a estréia na LNB. O Obras joga contra a equipe do Lanus  amanhã (1/10) em seu ginásio. O primeiro a chegar foi o coordenador  da base Marcelo Tavnik. Ele é o segundo assistente de Lamas na equipe. Neste último domingo o time sub-19 do Obras foi vice-campeão nacional, mostrando a força de suas equipes de formação.  Logo após, chegaram  Julio e  seu assistente Ivan Nadnudel. Depois de uma  breve conversa, fomos para um café que fica na academia do clube e lá Ivan mostrou a programação semanal para a aprovação de  Julio. Após isso, os treinos da manhã e da tarde foram planejados minuto a minuto. Entre uma pausa e outra Julio me perguntava se eu compreendia quando eles falavam rápido, eu disse que um pouco, principalmente os termos de basquete. Ele me revelou que está querendo implantar mais velocidade no jogo de sua equipe porque os argentinos chegam muito lentos no ataque mas sem loucura, como no jogo brasileiro, que no primeiro passe já vão pra cesta com chutes de 3 pontos.
Após a reunião fomos para o ginásio e tudo o que foi programado foi posto em prática.
Na parte da tarde cheguei  2 horas antes do treino da equipe adulta  para poder acompanhar a base, mas houve folga geral nesta segunda. Então, encontrei Marcelo e conversamos bastante sobre a base e as diferenças nos 2 países. Na Argentina só existem times de idades impares: sub-13,15,17,19 já no Brasil: sub-12,13,14,15,16,17,19. Na Argentina a maioria dos clubes tem essas categorias dobradas. Uma equipe competitiva (Federação), outra social ( para eventos dos clubes). Já no Brasil, somente há times federados ou, então, em festivais populares que na maioria não tem vínculo com a federação ou confederação.
Após um tempo, Julio chegou e pudemos falar dos investimentos feitos nos dois países. Se alguém acha que pode reclamar dos times no Brasil e de suas verbas, não sabe como está difícil fazer basquete por aqui. A equipe que tem o maior investimento hoje tem 1,5 milhão de dólares na temporada. Já no Brasil, esse valor corresponde  a equipes que brigam pelas últimas vagas no play-off do NBB. A falta de ajuda do governo com incentivos fiscais para o esporte dificulta muito. Hoje no Brasil basta as contas do clube estarem no azul e com um bom projeto e um bom marketing que o  incentivo é alcançado para pagar  as despesas pesadas  que a maioria nem sabe que existe.
Partimos para o treino e tive a oportunidade de conversar com Choco, agente de Manu Ginóbili, Scola e Prigioni. Já havia conversado com ele sobre jogadores por e-mail mas foi legal falar pessoalmente. Na verdade, todos sabem que será difícil ter uma nova geração como a que está terminando e que novos talentos estão surgindo. O próprio Julio disse que há uma necessidade imensa de renovação.

Durante o treino pude ver que a diferença na postura entre os atletas argentinos e os brasileiros são grandes. Aqui, ninguém abre a boca para falar, a não ser sobre o que aconteceu nos lances ou para incentivar. Muita concentração para tudo o que é pedido, foco é a palavra que vem a mente.
Conceitos ofensivos, variações de defesa,  opções de transição  para o ataque foram trabalhados. Gostei bastante do que vi.  São os detalhes que vim buscar aqui junto a um técnico que já ganhou 3 vezes o campeonato nacional, dirigiu equipes  do calibre de Tau Ceramica, Lecetum Alicante e Real Madri na Europa, além da seleção Argentina .
E para fechar a noite, dei uma rápida passada na casa de um ex-companheiro de time, o americano Tyler Field, que joguei junto na Ulbra-São Bernardo em 2007, além de uma excursão para Espanha em 2005 pela Rio-Telemar. Lá estava um amigo, o atleta Maxi Stanic. Dia proveitoso, noite agradável e ainda tem o primeiro jogo da LNB na tv.
Fui...


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