Segunda - feira começou cedo, as 7 30 hr sai para ir ao
centro da cidade para trocar dólares. Essa é uma missão que você tem que ter uma
pessoa local de confiança para fazer pois senão você vai perder dinheiro.
O peso em relação ao dólar se desvaloriza a cada dia.
Após essa missão que foi tranquila, graças ao novo amigo Juan Pablo, um taxista
ex- jogador de basquete, fui direto para o Club Obras Sanitarias afim de me
encontrar com a comissão técnica e começar
a sentir a preparação da equipe para a estréia na LNB. O Obras joga contra
a equipe do Lanus amanhã (1/10) em seu
ginásio. O primeiro a chegar foi o coordenador
da base Marcelo Tavnik. Ele é o segundo assistente de Lamas na equipe.
Neste último domingo o time sub-19 do Obras foi vice-campeão nacional,
mostrando a força de suas equipes de formação.
Logo após, chegaram Julio e seu assistente Ivan Nadnudel. Depois de uma breve conversa, fomos para um café que fica na academia do clube e lá Ivan mostrou a programação semanal para a aprovação de Julio. Após isso, os treinos da manhã e da
tarde foram planejados minuto a minuto. Entre uma pausa e outra Julio me
perguntava se eu compreendia quando eles falavam rápido, eu disse que um pouco,
principalmente os termos de basquete. Ele me revelou que está querendo
implantar mais velocidade no jogo de sua equipe porque os argentinos chegam
muito lentos no ataque mas sem loucura, como no jogo brasileiro, que no
primeiro passe já vão pra cesta com chutes de 3 pontos.
Após a reunião fomos para o ginásio e tudo o que foi
programado foi posto em prática.
Na parte da tarde cheguei
2 horas antes do treino da equipe adulta para poder acompanhar a base, mas houve folga geral nesta segunda. Então, encontrei Marcelo e conversamos
bastante sobre a base e as diferenças nos 2 países. Na Argentina só existem
times de idades impares: sub-13,15,17,19 já no Brasil: sub-12,13,14,15,16,17,19. Na Argentina a maioria dos clubes tem essas categorias dobradas. Uma equipe competitiva (Federação), outra social ( para eventos dos clubes). Já no Brasil, somente há times federados
ou, então, em festivais populares que na maioria não tem vínculo com a federação
ou confederação.
Após um tempo, Julio chegou e pudemos falar dos investimentos
feitos nos dois países. Se alguém acha que pode reclamar dos times no Brasil e
de suas verbas, não sabe como está difícil fazer basquete por aqui. A equipe
que tem o maior investimento hoje tem 1,5 milhão de dólares na temporada. Já no
Brasil, esse valor corresponde a equipes
que brigam pelas últimas vagas no play-off do NBB. A falta de ajuda do governo
com incentivos fiscais para o esporte dificulta muito. Hoje no Brasil basta as
contas do clube estarem no azul e com um bom projeto e um bom marketing que o incentivo é alcançado para pagar as
despesas pesadas que a maioria nem sabe que existe.
Partimos para o treino e tive a oportunidade de conversar
com Choco, agente de Manu Ginóbili, Scola e Prigioni. Já havia conversado com ele
sobre jogadores por e-mail mas foi legal falar pessoalmente. Na verdade, todos
sabem que será difícil ter uma nova geração como a que está terminando e que
novos talentos estão surgindo. O próprio Julio disse que há uma necessidade
imensa de renovação.
Durante o treino pude ver que a diferença na postura entre os
atletas argentinos e os brasileiros são grandes. Aqui, ninguém abre a boca para falar, a não
ser sobre o que aconteceu nos lances ou para incentivar. Muita concentração
para tudo o que é pedido, foco é a palavra que vem a mente.
Conceitos ofensivos, variações de defesa, opções de transição para o ataque foram trabalhados. Gostei
bastante do que vi. São os detalhes que
vim buscar aqui junto a um técnico que já ganhou 3 vezes o campeonato
nacional, dirigiu equipes do calibre de
Tau Ceramica, Lecetum Alicante e Real Madri na Europa, além da seleção
Argentina .
E para fechar a noite, dei uma rápida passada na casa de um
ex-companheiro de time, o americano Tyler Field, que joguei junto na Ulbra-São
Bernardo em 2007, além de uma excursão para Espanha em 2005 pela Rio-Telemar.
Lá estava um amigo, o atleta Maxi Stanic. Dia proveitoso, noite agradável e
ainda tem o primeiro jogo da LNB na tv.
Fui...